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Metalúrgicos da CUT participam de Conferência Continental que discute novo sindicalismo

Atividade da Confederação dos Trabalhadores das Américas debate o atual momento do movimento sindical da região e perspectivas das organizações para fortalecer e transformar os sindicatos

Publicado: 27 Novembro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
Maicon na ConferênciaMaicon na Conferência
Maicon na Conferência

Termina nesta sexta-feira (27) os dois dias de encontro dos representantes da CUT e outras centrais filiadas à Confederação de Trabalhadores das Américas (CSA).

A Conferência Continental: “Transformar e fortalecer a União para Representar e Organizar toda a Classe Trabalhadora”, que começou na quinta-feira (26), debateu uma alta reforma sindical porque o sindicalismo mundial está entendendo que é necessário uma nova estrutura sindical para representar os trabalhadores, enquanto classe neste momento que estamos vivendo.

A explicação é do Secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT, Maicon Michel, que participou do encontro virtual.

Segundo ele, é preciso mudar não somente por causa da pandemia porque antes já era visível que as novas modalidades de renda da classe trabalhadora não estavam representadas dentro dos sindicados.

“O sindicato precisa se renovar, precisa mudar a sua estrutura para atender melhor a classe trabalhadora, estando ela empregada ou não. É preciso entender a classe trabalhadora enquanto classe, enquanto todos aqueles e aquelas que vivem da venda da sua força de trabalho, e não enquanto ramo de atividade ou situação jurídica de empregado ou não.”, afirmou Maicon.

O Secretário-Geral da CSA, Rafael Freire, falou sobre a urgência  do tema  em vídeo publicado nas redes sociais da entidade.

“Nós precisamos organizar e unir as entidades de representação dos/as trabalhadores/as. É necessário mudar  essa realidade de muitos sindicatos  com pouco trabalhadores e passa a estruturas com poucos sindicatos e muito trabalhadores".

Mãos dadas

Os representantes das centrais filiadas a CSA também destacaram a importância da unidade das regiões na luta. Maicon contou que foi falado sobre a PLADA que é uma plataforma conjunta de desenvolvimento da América Latina a partir do olhar da classe trabalhadora, seja no setor industrial, de Saúde ou de serviços com emprego decente, salários dignos e proteção social para toda a classe trabalhadora

Segundo ele, sobre uma nova estrutura sindical “nós temos o industriALL Brasil que está alinhado e coerente com este debate promovido pela CSA, mas sobretudo pelas diretrizes organizativas da nossa Central Única dos Trabalhadores em Macrossetores.

“Embora seja necessário consolidar e ampliar o modelo, novamente os trabalhadores do Brasil estão fazendo história, no que diz respeito a atender as expectativas da organização da classe trabalhadora nacional”.

“Isso alinhado sempre com essa pauta internacionalista, porque entendemos que uma nova estrutura sindical no Brasil tem que ter solidariedade, irmandade, políticas e pautas conjuntas com toda América Latina. Porque o objetivo não é desenvolver um país e sim toda nossa região, que durante centenas e centenas de anos vem sofrendo com subdesenvolvimento imposto pelas grandes potências imperialistas”, explicou Maicon.

Juventude e gênero

Maicon contou que na conferência da CSA também foi debatido de forma estratégica a importância de atrair jovens e trabalhar a paridade de gênero porque é muito importante que a juventude e as mulheres estejam efetivamente representadas na estrutura sindical.

Ele ressaltou que a maioria das bases, dos diversos setores, hoje em dia é de jovens e é necessário representar essa parcela da classe trabalhadora com uma linguagem específica, com novas formas de organização e divulgação e também de mobilização específica do momento.

“Nesse momento de pandemia as estruturas sindicais, os partidos políticos e as organizações da classe trabalhadora que mais se destacaram são justamente aquelas que a linguagem mudou nos últimos anos, em que estrutura de comunicação mudou. É um investimento para renovar, não só no aparato tecnológico necessário para comunicação, mas também a forma de organização de pensar e de se comunicar com a base”, frisou Maicon.

Racismo estrutural

O debate sobre racismo estrutural também marcou o encontro. O preconceito não é só problema no Brasil, disse Maicon.

Ele contou que o caso do homem negro espancado até a morte no Carrefour também foi citado no encontro, mas o racismo também tem acontecido na Bolívia, no Chile, Equador, Colômbia e Venezuela.

Segundo o dirigente, é importante entender o racismo de uma forma mais ampla e estender este conceito aos povos originários, que sofrem genocídio sistêmico e ataques constante às organizações livres que lutam pelo direito dos povos originários, quilombolas e negros.

Maicon também conta que desde muito tempo, principalmente depois do golpe de 2016, que há uma estrutura de genocídio da juventude negra e periférica em andamento acelerado, na tentativa de branqueamento da população negra, passando pela luta dos povos organizados.

“Durante os governos do PT foram os momentos, em que mais de 504 anos de Brasil, a população negra e os movimentos de igualdade racial tiveram vozes e suas demandas atendidas pelo estado brasileiro”.

“E agora esse retrocesso vem justamente pra desmontar esse avanço que tivemos, embora muito aquém do que a classe trabalhadora esperava, mas simbolicamente foi transformador na história do Brasil. E esse retrocesso vem pra acabar com tudo isso e desmontar esse estado de bem-estar social e a Constituição que a gente conquistou e 1988”, finalizou o dirigente da CNM/CUT.