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Metalúrgicos no ES fecham rodovia em protesto contra empresas que atuam na Jurong

Diante da negativa de encerrar greve, empresas não disponibilizaram ônibus para trabalhadores retornarem para casa

Publicado: 11 Novembro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Trabalhadores de empreiteiras que prestam serviço para o Estaleiro Jurong, em Aracruz, norte do Estado, fecharam a rodovia ES 010 na manhã desta terça-feira (10). Os metalúrgicos protestaram contra a retaliação das empresas em relação aos grevistas. Segundo o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal), Roberto Pereira de Souza, foi negado a eles ônibus de retorno para casa, após a recusa de pôr fim ao movimento, como decidido em assembleia realizada na portaria do estaleiro.

As empresas são a GBJ, Niplan, Grow, Lupe, NPE, USM, BNG,  Pollomag, WQ Serviços e Entraco. Roberto relata que os trabalhadores pegaram os ônibus das empresas para irem ao trabalho, mas deixaram claro que retornariam às atividades somente se houver negociação. Como não houve, foi negado o translado de volta, o que revoltou os grevistas. "Muitos moram longe, como em Cariacica, Serra e Fundão", diz Roberto. Segundo ele, o fechamento da rodovia ocorreu por volta das 10h, sendo finalizado por volta das 13h, e os ônibus foram liberados para os trabalhadores às 15h.

A realização da assembleia em frente à portaria da Jurong foi possível após resposta do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) ao embargo de declaração do Sindimetal, que questionou a determinação judicial de "imediata desocupação, pelos grevistas, das portarias dos parques industriais vinculados ao suscitante, bem como se abstenha de proibir o acesso de pessoas e veículos à empresa e ao canteiro de obras daqueles que pretendem laborar, e fazer quaisquer tipos de trabalho em razão de seus direitos constitucionalmente garantidos".

Em nova manifestação do TRT, o desembargador Marcello Maciel Mancilha destaca que "a fim de se evitar excessos, visando aperfeiçoar a decisão, esclareço que a determinação de desocupação das portarias dos parques industriais limita-se a desocupação dos portões de acesso da empresa, ou seja, não seja obstada a entrada/saída".

Na decisão judicial questionada pelo sindicato, o TRT também negou o pedido do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer), para que fosse declarada a ilegalidade do movimento grevista dos metalúrgicos. O movimento teve início em 26 de outubro. Os trabalhadores reivindicam 5% de reajuste para quem recebe mais que o piso; 12% para quem recebe o piso; e cartão alimentação de R$ 590,00. Também querem manutenção das cláusulas do acordo coletivo e plano de saúde 100% custeado pelas empresas.

Em assembleias realizadas nessa segunda-feira (9) e terça-feira (10), a maioria dos metalúrgicos que atuam na Simec -  antiga ArcelorMittal Cariacica - aprovaram a proposta apresentada pela empresa para renovação do Acordo Coletivo. O resultado concede reajuste salarial de 3,89% a partir de 1º de outubro deste ano, aplicado sobre o salário de setembro de 2020; abono no valor de R$ 850,00 a ser pago em até 10 dias úteis após a assinatura do acordo; retorno de férias correspondente a 62,5% do salário base; auxílio creche com reembolso integral para empregadas mães, até 36 meses; auxílio noturno de 42,86%; e manutenção de todas as demais cláusulas do acordo coletivo.

*matéria publicada no site do seculodiário