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Os metalúrgicos da Jurong vão parar no Espirito Santo

A decisão de iniciar a greve foi tomada após os metalúrgicos rejeitarem a quarta proposta da bancada patronal que consiste em escalonamento dos salários e parcelamento de reajustes

Publicado: 15 Outubro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Indignados com a falta de avanços na negociação salarial para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho do setor naval, os metalúrgicos que atuam no Estaleiro Jurong Aracruz decidiram, nesta quarta-feira, 14, cruzar os braços, caso a bancada patronal (Jurong e Sindifer) não apresente, em 48 horas, uma proposta que atenda ao pleito dos companheiros.

A negociação já se estende por meses e os trabalhadores cansaram de esperar uma postura mais flexível da Jurong, que insiste em levar a negociação em banho-maria. A decisão de iniciar a greve foi tomada após os metalúrgicos rejeitarem a quarta proposta da bancada patronal que consiste em escalonamento dos salários e parcelamento de reajustes.

A bancada patronal propôs reajuste salarial de apenas 2.94%,equivalente à inflação do período, para quem tem remuneração de até R$ 6 mil; para quem recebe salário de 6 a 12 mil reais o percentual proposto é de 2% e os trabalhadores que recebem acima de R$ 12 mil teriam reajuste de R$ 120,00 sobre os salários. Os reajustes seriam aplicados somente em janeiro do ano que vem. E para “compensar” o não pagamento retroativo dos reajustes, a Jurong pagaria um abono de apenas R$ 550,00.

A reivindicação dos trabalhadores é reajuste salarial equivalente à inflação do período para todos os empregados, aplicados já nos salários de setembro. Os metalúrgicos também pleiteiam abono de R$ 800,00, cartão alimentação no valor de R$ 550,00 e o congelamento de aumentos nas mensalidades do plano de saúde.

Além disso, os companheiros exigem o retorno das atividades normais, colocando fim à redução de jornada com redução nos salários, que é como os metalúrgicos têm trabalhado nesse período de pandemia, conforme regime adotado pela empresa e amparado pela MP 936, de Jair Bolsonaro, que, inclusive, é extremamente prejudicial aos trabalhadores, que tiveram redução drástica nos salários.

Descaso com terceirizados também é motivo de revolta e de greve

Não é novidade para ninguém a falta de descaso de algumas empresas com os trabalhadores terceirzados. No Estaleiro Jurong Aracruz não é diferente. Além das condições de trabalho dos empregados diretos já serem precárias a situação se agrava quando se trata dos terceirizados e isso tem causado grande comoção e revolta em todos que atuam na área do estaleiro.

A maioria desses companheiros recebe apenas o piso profissional estabelecido nas convenções e acordos. São pessoas de vindas de outros estados e que estão quase pagando para trabalhar, haja vista os baixos salários x os custos de vida.

Para piorar, a Jurong, que de boba não tem nada, ao invés de fazer contratações diretas, está optando em terceirizar cada vez mais a mão de obra. As funções com os melhores salários estão sendo passadas para as empresas contratadas e a Jurong assina a carteira apenas de profissionais com funções como aos de auxiliares, que são que têm os menores salários.

Mas os trabalhadores já deram o recado. Ou a Jurong muda essa postura imoral e desumana ou toda a mão de obra vai parar.

*matéria publicada no site do sindicato