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Para Paulo Cayres, não se pode esperar por 2018: 'O enfrentamento é agora'

Em ato em defesa do conteúdo nacional na indústria naval e do setor de petróleo, em Ipojuca (PE), presidente da CNM/CUT diz que destruição dos empregos e do país não vai esperar.

Publicado: 26 Agosto, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
Cayres participou de ato ao lado do ex-presidente LulaCayres participou de ato ao lado do ex-presidente Lula
Cayres participou de ato ao lado do ex-presidente Lula

Ipojuca (PE) – “Tá tudo parado (economia). É preciso ele acudir a gente, por isso é muito bom ele vir aqui no nosso lugar. E acho muito bom você estarem por aqui também”, diz Darci Azevedo Nunes, 65 anos, que lava roupa e cata latinhas para sobreviver. Ela pediu para falar sorrindo, feliz por “estar aqui”, e porque queria aparecer na internet e dizer que “aquele homem” (Temer) cortou seu benefício de aposentadoria. Não conseguiu explicar. Com a câmara da reportagem desligada, começou a chorar e contou que tem passado necessidade e até fome.

A crise econômica levou o desemprego do país de um patamar de 7% no início de 2015 a quase 14% atuais. A renda média nacional caiu. E quando o desemprego está em alta, os empregos que aparecem pioram.

Segundo estudo do Dieese, baseado em análise do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged, do Ministério do Trabalho), quem é admitido está sendo contratado com salário médio 13% inferior ao de quem é demitido. Uma equação que torna difícil a recuperação econômica do país, já que nem mesmo as vagas de emprego geradas contribuem para elevar a participação da massa salarial na renda nacional.

E para quem vive nas cidades que dependiam mais fortemente dos recursos provenientes do setor de petróleo e de infraestrutura, como a indústria naval, a situação é ainda mais grave. Desde que a Operação Lava Jato paralisou as atividades das maiores empresas nacionais de infraestrutura e construção pesada, a partir de março de 2014, a indústria naval reduziu os postos de trabalho em 66%, de 83 mil, no governo Dilma, para perto de 30 mil.

Por isso, em regiões como Ipojuca, na Grande Recife, proliferam histórias como as de dona Darci. A cidade que abriga o Porto de Suape recebeu na manhã desta sexta-feira (25) a caravana Lula pelo Brasil com objetivo de denunciar os impactos da Lava Jato e do impeachment da ex-presidenta Dilma na economia e na vida das pessoas. “É ‘operação desemprega a jato’. Já desempregou mais de 3 milhões de pessoas. Para cada preso, com prova ou sem prova, são 30 mil postos de trabalho que se fecham neste país”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Paulo Cayres.

“Não é isso o que queremos para o nosso país. Nós queremos combater, sim, a corrupção, mas não fechar os nossos empregos. Destruíram o polo naval aqui em Ipojuca, que não era nada, e que cresceu no governo Lula, empregou, deu dignidade. E agora esse golpista está destruindo isso”, protestou. O metalúrgico observou que a mesma Justiça que quer celeridade para atacar Lula, sem provas, atrasa o processo de anulação do impeachment da presidenta Dilma. “Uma mulher guerreira que foi tirada desonestamente do poder por esses bandidos”, afirmou, referindo-se ao mandado de segurança pela anulação do processo que se encontra nas gavetas do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e da Procuradoria-Geral da República.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues Medeiros, lembrou ainda, em seu discurso no caminhão de som, que o governo Temer promove um processo de desmonte dos bancos públicos, também estratégicos para o desenvolvimento, para favorecer a posição das instituições privadas no mercado e na economia. "Vou aproveitar a passagem desta caravana aqui para pegar adesão de Lula e Dilma ao abaixo-assinado em defesa dos bancos públicos."

Destruição
A passagem da caravana pela cidade do litoral sul do estado natal de Lula foi recebida mais uma vez por uma pequena multidão. As pessoas demonstram sentir na pele o contraste entre a vida que levavam quando a região passou a receber investimentos, há pouco mais de uma década – no Porto de Suape, no Estaleiro Atlântico, na Refinaria Abreu e Lima – e os dias atuais de colapso econômico.

A operadora de caixa Aline Lima está desempregada há um ano. Diz ter perdido o emprego em meio à queda de movimento depois que a crise política paralisou o país “para derrubar a presidenta Dilma”. Sua mãe, Aida Lima, 52 anos, trabalhava na construtora Queiroz Galvão como auxiliar de serviços serviços gerais e limpeza de alojamentos. Está desempregada há dois anos

As professoras Luciana Nunes (com o cartaz) e Gerciene Santos, que dão aula no ensino fundamental em Porto de Galinhas e Ipojuca, respectivamente, queriam tirar foto com os ex-presidentes por reconhecer as transformações na região durante suas gestões. “Nós temos uma visão do governo diferenciado e por isso brigamos na internet, com formadores de opinião, para defendê-los, porque deram dignidade ao povo”, diz Gerciene.

“O país sofreu um golpe tão grande que está acabando com os empregos e retrocedendo o que conquistou no combate à desigualdade”, constata Patricia Almeida 41, secretária de uma escola municipal, ao lado da colega Elisabete Maria da Silva, 26 anos, professora auxiliar na mesma escola. Ambas veem o retorno de Lula como uma esperança de reverter esse cenário “triste”.

Para Paulo Cayres, porém, não se pode esperar por 2018. “Estão vendendo nosso país. Querem vender a Petrobras, a Eletrobras e não podemos deixar. Estamos sendo atacados todos os dias e temos que ir para o enfrentamento. E esse enfrentamento não é em 2018, é agora. O desemprego e a destruição de nosso país estão acontecendo agora”, destaca o presidente da CNM/CUT.

(Fonte: Cláudia Motta - especial para Rede Brasil Atual)