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Polícia capixaba intimida metalúrgicos durante greve e piquetes por direitos

Sindicato afirma que PM foi acionada pelas empresas para coibir trabalhadores que lutam por melhores condições de trabalho e vida e denuncia intransigência do sindicato patronal para negociar

Publicado: 06 Novembro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: sindimetal-ES
Policia na sede do Sindimetal-ESPolicia na sede do Sindimetal-ES
Policia na sede do Sindimetal-ES

Os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal-ES) foram surpreendidos com a presença da Policia Militar (PM) em frente à sede da entidade na manhã desta sexta-feira (6), enquanto atendiam alguns trabalhadores que estão em greve desde o dia 26 de outubro por melhores condições de trabalho e vida, na garagem da entidade.

A atuação sindical está sendo feita no local porque sindicalistas e trabalhadores estão impedidos de ir para a porta de qualquer do setor no  estado para fazer piquetes ou conversar com a categoria exercendo o legítimo direito de greve e de diálogo. Uma liminar concedida pela Justiça do Trabalho nesta quinta-feira (5) a pedido do Sindifer (Sindicato Patronal) determinou a proibição da ação sindical.

“O motivo é claro: intimidar os trabalhadores, o que é inaceitável, mas não é novidade. Todos os anos, durante as greves e piquetes dos trabalhadores, a PM é mandada para as manifestações para tentar coagir a luta da categoria”, afirma Sindimetal-ES em nota.

Metalúrgicos no ES rejeitam nova proposta de Convenção Coletiva e mantém greve

“O sindicato é a casa do trabalhador e como fomos impedidos de ficar na portaria, os trabalhadores vieram até a sede da entidade, onde eles têm total liberdade de estar, ficar e de saber o porquê o sindicato não está na portaria da empresa. E nós estamos aqui para recebe-los e orientá-los neste momento de luta e de intimidação”, afirmou em vídeo o diretor do Sindimetal-ES, Walter Bernardo, no momento exato em a polícia chegava na sede da entidade.

Em nota, o sindicato afirma que a polícia foi acionada pelas empresas para coibir os trabalhadores de lutarem por melhores condições de trabalho e vida.

 E ao mesmo tempo, ressalta a entidade, a mesma polícia ignora o boletim de ocorrência do Sindimetal-ES que registrou roubos na sede do Sindicato e que o órgão não foi ao local averiguar o ocorrido e sequer enviou uma viatura para garantir a segurança da entidade e das pessoas que transitam pela região. 

"A PM do Espírito Santo precisa entender que os militares são servidores públicos e devem estar a serviço da população e não de empresas, para isso as empresas têm segurança privada. A greve é um direito constitucional de todo trabalhador brasileiro e esses ataques só fazem com que os metalúrgicos tenham ainda mais disposição, coragem e vontade de lutar. A pressão, coação e intimidação não vão nos impedir de buscar melhorias para toda a categoria”, diz trecho final da nota do sindicato.

 

Intransigência do sindicato patronal faz empresas procurarem sindicato dos trabalhadores para negociar

O Sindicato Patronal (Sindifer) está irredutível em atender o pleito dos metalúrgicos e das metalúrgicas no Espírito Santo, que sentem no bolso o prejuízo da intransigência da bancada patronal. Várias empresas ignoraram a orientação e estão fazendo negociações específicas com o Sindimetal-ES, oferecendo índices muito melhores do que os propostos pelo Sindifer.

Desde o início do movimento paredista já foram firmados cerca de 10 acordos.  Todas as empresas que já fecharam acordo, os trabalhadores e trabalhadoras encerram a greve retornaram às atividades.

Segundo o Sindimetal-ES, as negociações diretas com as empresas mostram que, ao contrário do que o Sindicato Patronal argumenta para impedir os avanços na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, o setor de metalúrgia no Espírito Santo não está tão ruim e que as reivindicações dos metalúrgicos podem ser atendidas.

O sindicato dos trabalhadores também afirma que é importante lembrar que não é a primeira vez que as empresas sobressaem o Sindifer nas negociações. No ano passado, aconteceu o mesmo. E também em 2019 empresas fizeram acordos específicos e muito melhores do que propôs o Sindicato Patronal.

Na ocasião, o Sindifer desdenhou da capacidade de negociação das empresas e especulou erroneamente de que elas quebrariam em seis meses. Estava errado.

A maioria das empresas que firmou acordos específicos não só se manteve de pé, como cresceu, lucrou e aumentou o quadro de empregados. A lição é clara: quanto mais valorizados os trabalhadores, mais eles produzem e quem ganha é todo mundo.

O Sindimetal-ES lembra ainda que todas as propostas que chegam ao Sindicato são levadas para votação dos trabalhadores em assembleia e os acordos específicos são assinados somente se houver aprovação dos trabalhadores. O Sindimetal-ES espera que o Sindifer reveja a maneira de como está conduzindo a negociação salarial e, assim com as empresas as quais ele representa, dê o devido valor aos metalúrgicos.

“O desrespeito aos metalúrgicos se tornou ainda maior com esta atitude da Justiça. É o mais completo equívoco utilizar a Justiça para fazer coação as atividades sindicais. É preciso ressaltar ainda que o “piquete” na frente das portarias das empresas pretende convencer, de forma pacífica, os trabalhadores a aderirem aos seus interesses de paralisação. A portaria da fábrica é efetivamente um espaço utilizado democraticamente para o diálogo”.

Acordos já fechados

ESPIRAL

▪Reajuste salarial de 4% aplicados sobre todos os salários vigentes em 30 de outubro de 2020

▪Cartão Alimentação no valor de R$ 470,00 mensais

▪Reajuste de 4% para todas as cláusulas econômicas.

▪Abono de 100% das horas paradas até 30 de outubro

USM

▪reajuste salarial de 4%

▪Cartão Alimentação no valor de R$ 400,00 mensais, pago a partir de 31/10/20

▪Cartão Natalino no valor de R$ 100,00 para os trabalhadores que não tiveram faltas injustificadas

▪Abono de 100% das horas paradas

▪Garantia da manutenção de todas as demais cláusulas da CCT

GM

▪Reajuste salarial de 100% do INPC do período

▪Cesta Natalina no valor de R$ 150,00

▪Auxílio Alimentação no valor de R$ 400,00 mensais

▪Cartão Alimentação no valor de R$ 400,00 pago a partir de 31/10/20

▪Abono de 100% das horas paradas

▪Garantia da manutenção de todas as demais cláusulas da CCT

CRANFOS

▪Reajuste salarial de 5%

▪Abono de 100% das horas paradas

▪Auxílio Alimentação no valor de R$ 470,00 mensais

▪Garantia da manutenção de todas as demais cláusulas da CCT

REDE

▪Reajuste salarial de 4%

▪Auxílio Alimentação no valor de R$ 500,00 mensais

NM

▪Reajuste salarial de 4%, a partir de novembro 2020

▪Auxílio Alimentação no valor de R$ 400,00 mensais

▪Abono de natal no valor de R$ 150,00

▪Abono de 100% das horas paradas

▪Garantia da manutenção de todas as demais cláusulas da CCT

PRINER

▪Reajuste salarial de 4%

▪Auxílio Alimentação no valor de R$ 470,00 mensais

▪Abono de todas as horas paradas

▪Garantia da manutenção de todas as demais cláusulas da CCT

LMI

▪Reajuste salarial de 4,5%

▪Auxílio Alimentação no valor de R$ 400,00 mensais

▪12% de reajuste no piso salarial a partir de novembro de 2021

▪Abono de 100% das horas paradas

IMANTEC

▪Reajuste salarial de 4,5%

▪Auxílio Alimentação no valor de R$ 400,00 mensais, com 30 dias de trabalho

▪12% de reajuste no piso salarial a partir de novembro de 2021

▪Abono de 100% das horas paradas

CONAMI

▪Reajuste salarial de 4,5%

▪Auxílio Alimentação no valor de R$ 400,00 mensais

▪12% de reajuste no piso salarial a partir de novembro de 2021

▪Abono de 100% das horas paradas

Obs: Caso os reajustes e valores do cartão alimentação negociados com o Sindifer sejam superiores aos acordados, as empresas cumprirão os reajustes convencionados. Se forem inferiores, prevalecerão os reajustes firmados em acordo.

*matéria publicada no site da CUT