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Reuniões de acionistas vão definir sucessor de Agnelli

Publicado: 28 Março, 2011 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Essa semana será intensa em reuniões envolvendo os acionistas da Vale e o tema do sucessor do presidente da companhia, Roger Agnelli, será alvo de avaliação, segundo informaram fontes ao Valor. Hoje pela manhã terá a reunião da Litel, braço de participações criado para abrigar os fundos de pensão na Valepar, a holding de controle da mineradora. A Litel - que detém 49% do capital votante e 58,1% do capital total da Valepar - engloba Previ, na liderança, Petros, Funcef e Funcesp.

Em seguida, na parte da tarde, está prevista outra reunião, com a presença de representantes dos principais acionistas da companhia - Previ, Bradespar, BNDESPar, Eletrón (Opportunity) e Mitsui. Trata-se de uma reunião prévia para outra marcada para quinta-feira, que contará com os integrantes dos conselhos de administração de Vale e Valepar. Segundo informação, deverá ser a última com presença de Agnelli.

A pauta das reuniões envolve desde aprovação de contas do balanço de 2010, investimentos para este ano até questões operacionais. Mas será tratada também a sucessão de Agnelli, já acertada entre os principais acionistas e que começou a ser discutida no fim de outubro, após o executivo abrir confronto com o Partido dos Trabalhadores (PT), afirmando que pessoas do partido estavam de olho em sua cadeira. Desde então, o executivo perdeu o apoio de seu principal fiador, o Bradesco, ao violar uma regra da cultura do banco - a de não misturar negócios com política e não se indispor, principalmente em público, com governos. A direção do banco, na sexta-feira, apenas formalizou sua decisão, já tomada lá atrás, de não dar mais sustentação a Agnelli.

Do quadro da companhia, entre os seus diretores-executivos, o mais favorito a substituir Agnelli é Tito Botelho Martins, de 47 anos, dos quais 26 trabalhando na Vale. Martins, formado em economia, é o diretor-executivo com mais tempo na empresa e desde 2006 ocupa esse cargo. Em 2009 foi eleito presidente da Inco, empresa de níquel adquirida em 2006. Antes, foi presidente e diretor de relações com investidores da Caemi Mineração e Metalurgia e presidente das Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), de 2003 a 2006. É considerado o diretor da Vale com maior experiência internacional e traz na bagagem a condução da longa greve de um ano feita pelos trabalhadores da Inco entre 2009 e 2010.

Dois outros diretores da Vale são apontados como potenciais nomes a compor a lista tríplice, mas alega-se que são remotas as chances de serem escolhidos para ocupar a cadeira que desde meados de 2001 é de Agnelli.

O também economista José Carlos Martins, 61 anos, diretor-executivo de marketing, vendas e estratégia da empresa, é visto como muito próximo a Agnelli. O relacionamento de ambos vem desde a época em que presidiu, a partir de 1999, a Latasa, fabricante de latas de alumínio da qual o Bradesco era o principal acionista. Agnelli era membro do conselho de administração. Martins foi para a Vale em 2004. Além disso, segundo fontes, ele teria ficado desgostoso com a reestruturação feita por Agnelli nas diretorias-executivas em meados do ano passado - era responsável pela área de Ferrosos, que englobava minério de ferro, o carro-chefe da Vale - e, or isso, teria acertado ficar até dezembro. Mas, nessa época, sob a forte discussão de sua substituição, Agnelli pediu para o executivo permanecer.

Já Eduardo Bartolomeo, 46 anos, engenheiro, é visto mais com o perfil de executivo operacional. Atualmente, é diretor-executivo de operações integradas de mineração, ferrovia e portos, responsável por ferro e outros minerais, com exceção de metais de base (níquel, cobre e alumínio), a cargo de Tito Martins, e fertilizantes, com Mário Barbosa.

O nome selecionado da lista tríplice, em reunião exclusiva para tratar da sucessão do presidente da companhia, será submetido posteriormente à assembleia de acionistas da companhia, em 19 de abril. Este é o procedimento a ser adotado, conforme o acordo de acionistas da Vale, de 1997.

Segundo fontes, nos últimos meses Agnelli só fez aprofundar o desconforto com os acionistas controladores da Vale, buscando apoio na base de oposição ao governo. Apesar de reconhecer sua competência como gestor, um acionista declarou que ele já cumpriu seu ciclo à frente da Vale. Apontam que ao acirrar o confronto com governo e fundos - dono de 60,5% das ações votantes da Valepar -, o executivo perdeu a sustentação do Bradesco, que tem 21%, e cavou sua substituição.

Fonte: Valor