MENU

Sem salários e empregos, metalúrgicos de Contagem vão pressionar matriz da WDS

A Woodbrook Drive Systems Acionamentos Industriais Ltda, que já foi considerada a melhor empresa para se trabalhar, se tornou um grande pesadelo para dezenas de famílias em Minas Gerais

Publicado: 22 Fevereiro, 2021 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
Metalúrgicos na WDSMetalúrgicos na WDS
Metalúrgicos na WDS

Os metalúrgicos e as metalúrgicas na Woodbrook Drive Systems Acionamentos Industriais Ltda (WDS) em Contagem, Minas Gerais, decidiram pressionar a matriz em São Paulo para receber os 10 meses de salários atrasados, verbas rescisórias e os valores do Fundo de |Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que não são depositados desde 2014, e pedir que a empresa deixe os trabalhadores e trabalhadoras livres para arrumarem outros empregos.

A decisão de eleger uma comissão de trabalhadores para procurar a matriz foi mais um passo dado rumo a mais um capítulo da luta coletiva encabeçada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem (Sindimetal).

A entidade também esteve à frente de várias mobilizações, carreatas e greves para chamar a atenção da sociedade, buscou diálogos com atores sociais e políticos para conseguir reverter a situação caótica em que vivem os ex-funcionários da WDS que entraram com várias ações individuais e coletivas na Justiça do Trabalho contra a empresa. 

A categoria também está organizando um ato em frente a Justiça do Trabalho, em Contagem, para pressionar o sistema Judiciário da cidade. A empresa também deixou de cumprir ações judiciais interpeladas pelo Sindimetal, que garantiam direitos que minimizariam os impactos da situação de cada trabalhador. Em torno de 120 trabalhadores, 90% da empresa, foram demitidos e até hoje não receberam salários e muito menos direitos rescisórios.

“Já fizemos muitas ações para denunciar esta situação da categoria nestes 10 meses e vamos continuar fazendo. A categoria está sofrendo, mas também está disposta à lutar”, disse o diretor do Sindimetal, Secretário-Geral do Federação Estadual dos Metalúrgicos de Minas Gerais (FEM-MG) e Secretário de Comunicação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Heraldo Silva Ferreira.

“Nós vamos até São Paulo porque a empresa na cidade está em recuperação judicial e a gente vai reivindicar que o dinheiro do terreno e dos bens sejam usados para pagar a dívida trabalhista que a WDS tem com os metalúrgicos de Contagem, que passa de R$ 10 milhões de reais”, completou o dirigente.

Para ele, que também é trabalhador da WDS, a luta será árdua e o movimento sindical vai continuar na batalha em todas as frentes para contribuir na defesa dos salários e direitos da categoria. “Nós trabalhamos muito para a empresa lucrar por anos na nossa cidade, agora eles não podem deixar o trabalhador desamparado”.

“A empresa não tem cumprido com a parte dela de pagar salários e fundo de garantia que a gente conquistou na justiça. Tem gente passando dificuldades e a gente quer sensibilizar a diretoria da empresa a tomar uma atitude para atenuar a dor dos companheiros”, disse Heraldo Silva Ferreira.

 Entenda

A empresa que na década de 1990 era uma das melhores lugares para trabalhar e era orgulho da cidade se transformou no maior pesadelo para mais de 120 famílias, que há quase um ano sofrem os impactos do descaso da WDS.

A empresa abandonou a cidade, deixou só 10% da sua capacidade humana trabalhando no espaço físico onde fica sua sede em Minas e não dá satisfação nenhuma sobre os direitos dos trabalhadores.

A categoria perdeu o plano de saúde em meio a pandemia, em sua grande parte, teve que vender bens, deixou de pagar financiamentos, devolveu imóveis alugados, precisou fazer bicos e viver de cestas básicas para sobreviver e para conseguir continuar tratamento de doenças crônicas próprias e de seus familiares.

Além disso, a empresa deixou de atualizar o programa do governo federal, que tenta consolidar o envio de informações pelo empregador (pessoa física e jurídica) em relação aos seus empregados (E-Social), o que impede burocraticamente a liberação dos trabalhadores e trabalhadoras demitidos para conseguir um novo emprego e receber o 13º.

“Só de salários atrasados são R$ 3 milhões, mais R$ 4 milhões em verbas rescisórias e outros quase 5 em FGTS. A empresa tem este grupo executivo em São Paulo, que simplesmente abandonou a empresa e a gente aqui. Nem as multas pelo descumprimento das ações, que a justiça do trabalho estabeleceu, estão sendo consideradas. É um verdadeiro descaso, mas a luta continua”, finalizou Heraldo. 

*matéria publicada no site da CUT