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Sindicatos latino-americanos debatem as transformações no mundo do trabalho

Mais de 60 líderes de sindicatos filiados ao IndustriALL na América Latina e no Caribe realizaram um encontro virtual com renomados acadêmicos do Brasil e do México para discutir as transformações econômicas e tecnológicas e seu impacto no mundo do trabalho

Publicado: 04 Setembro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Industriall
Sindicatos no mundo Sindicatos no mundo
Sindicatos no mundo 

O seminário temático na modalidade online que aconteceu na semana passada faz parte de um ciclo de debates que o IndustriALL desenvolve em conjunto com um grupo de trabalho, que inclui dirigentes sindicais e acadêmicos da região. O objetivo final é desenvolver políticas sindicais e propostas de ação para uma transição justa com o desenvolvimento sustentável.

Os participantes assistiram a uma palestra do antropólogo, cientista político e ativista mexicano José Manuel Sandoval. Sandoval apresentou uma investigação que vem desenvolvendo desde 2016 em conjunto com 180 acadêmicos do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO), sobre como o capital se expande no continente americano, a partir do avanço da tecnologia e dos espaços de acumulação que cria em seu Ele passou.

“Conhecer essa pesquisa é fundamental para o nosso trabalho de construção de políticas industriais sustentáveis.Precisamos saber para onde vão os investimentos e como o capital toma decisões, para depois pensar em como promover o desenvolvimento de nossa indústria na região”, disse o secretário regional do IndustriALL, Marino Vani, apresentando Sandoval.

A seguir, a antropóloga explicou que, com o avanço da tecnologia, os processos de produção industrial se fragmentaram. Desta forma, o lucro e a acumulação romperam a esfera nacional e o capital se articulou de forma transnacional. Esse processo promoveu a criação de espaços para que o capital pudesse se expandir.

Na pesquisa eles os chamam de "áreas específicas de intensa acumulação para o capital transnacional", e ainda estão em processo de estudo para estabelecer o que são, como os desenvolvem para obter grandes lucros e os efeitos sociais, trabalhistas e ambientais.

Sandoval disse que com esta pesquisa pretende-se “colocar o conhecimento a serviço dos movimentos sociais e sindicais e continuar a sua construção juntos”.

Em seguida, foi a vez do Doutor em Economia, pesquisador e político brasileiro, Marcio Pochmann, falar sobre as transformações no mundo do trabalho e da produção. Especificamente, ele falou sobre os impactos, tendências e cenários futuros para a indústria latino-americana.

Pochmann disse que a principal atividade que atualmente compõe o PIB da América Latina é o setor de serviços. A sociedade vê cada vez menos a presença da indústria e os trabalhadores estão aumentando tanto em serviços quanto em plataformas. Ele disse que será necessário que os sindicatos afiliem esses trabalhadores às suas organizações e os ajudem a responder às suas demandas.

Por sua vez, criticou a narrativa que afirma que as novas tecnologias destruirão empregos e que as sociedades devem se adaptar ou perderão empregos:

“Não é verdade que a tecnologia vai acabar com o emprego. O que determina o emprego é a distribuição dos ganhos de produtividade, gerados pelas novas tecnologias.

Se houver inovação tecnológica, abre-se a possibilidade de redistribuir esse lucro e até reduzir a jornada de trabalho. Caso contrário, é gerada uma concentração brutal de renda.

O futuro já chegou e como vamos nos reposicionar é algo importante. Podemos construir uma sociedade melhor, superior, com condições civilizatórias muito melhores "

Pochmann concluiu.

O grupo de trabalho coordenado pelo IndustriALL dará continuidade ao ciclo de debates para definir em breve uma agenda política e um plano de ação regional por setor e redes de trabalhadores. Os referidos documentos serão orientados para a construção de políticas industriais sustentáveis ​​nos espaços tripartidos nacionais e regionais. 

*matéria publicada no site do Industriall