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Substituto de Agnelli tem fama de executivo "linha-dura"

Publicado: 01 Abril, 2011 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Desde 1985 na Vale, Tito Martins, indicado para a presidência da companhia, é visto como um executivo "linha-dura" nas negociações, mas também com capacidade de compor com o governo.

Atual presidente da subsidiária canadense Vale Inco, Martins foi rigoroso nas negociações com o sindicato que representa os mineiros e venceu pelo cansaço.

A greve, iniciada em julho de 2009, durou um ano e paralisou a maior parte da produção de níquel --para sorte da Vale, o movimento se deu em parte do período em que o preço do minério estava em baixa por causa da crise.

Martins conseguiu, ao final, fazer prevalecer duas precondições da Vale: desvincular os bônus dos empregados da cotação do níquel (o parâmetro passou a ser o desempenho de cada funcionário) e mudar o plano de previdência do regime de benefício definido para contribuição definida.

As mudanças, acreditava a Vale, compensariam a perda de produção durante a greve no longo prazo ao reduzir custos e melhorar a competitividade no Canadá.

A notícia da substituição de Agnelli por Martins foi recebida com ceticismo e até desesperança no Canadá.

Ken Neumann, presidente para o Canadá do USW (Sindicato dos Metalúrgicos Unidos, na sigla em inglês), disse à Folha que, por um lado, "as pessoas estão felizes de ver Agnelli ir embora".

"Mas, se ele mantiver a agressividade da gestão anterior, vai enfrentar a mesma agressividade por parte dos metalúrgicos daqui", disse. Segundo os trabalhadores, ainda há muita tensão entre os funcionários e a gerência da Vale após a greve no Canadá.

No final de 2006, a Vale deixou de repassar R$ 9 milhões anuais às comunidades Xikrin do Catetê e do Djudjêkô, da região de Carajás (PA). Os recursos eram uma compensação pelo uso da terra indígena para a produção de minério.

Para justificar a interrupção dos repasses, Martins, diretor corporativo na época, alegou quebra de acordo com os índios, que ocuparam instalações da mineradora.

Na linha de frente de ataque aos índios, o executivo afirmou que eles compravam carros importados e outros bens de alto valor com o dinheiro recebido.

Fonte: Folha de São Paulo