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Trabalhador morre após ser atingido por barra de ferro em Tubarão-SC

Publicado: 04 Agosto, 2010 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Um acidente ocorrido na tarde de domingo (1) matou um trabalhador da Vale. O operário Gilson Quaresma de Souza, contratado há três meses pela companhia, foi atingido por uma barra de ferro enquanto realizava uma manutenção no pátio da Usina III, em Tubarão. A barra de ferro se soltou da recuperadora, atingindo o funcionário.

Gilson não estava em horário regular de trabalho, e sim trabalhando para cobrir a escala de outro trabalhador. Este acidente não é o primeiro que acontece na área de companhias deste porte no Estado, mas não é comum que aconteçam com os funcionários primários da empresa, como foi o caso deste veículo.

Em abril deste ano, Renato Pereira Santiago, motorista da empresa Unieng, que presta serviços à ArcelorMittal Tubarão, morreu vítima de uma explosão causada pelo contato da substância carbureto, transportada pelo motorista, com a água.

Na época do acidente, a empresa afirmara, nas Reuniões Diárias de Segurança (RDS), que a culpa do acidente teria sido do próprio empregado, tentando isentar a companhia de qualquer responsabilidade. No entanto, um outro funcionário, em carta anônima, contestou a versão da empresa.

Em carta, o trabalhador contou que a versão oficial, segundo relatos dos envolvidos no acidente, dizia que houve o vazamento de uma mistura dessulfurante de nome carbureto no solo, carga que Renato Pereira transportava. O carbureto explode em contato com a água.

Com a possibilidade de chuvas naquela noite, o coordenador de equipe da ArcelorMittal solicitou a presença de um caminhão caçamba e de uma pá mecânica à área conhecida como Silos Térreos da Aciaria para que fosse realizada a retirada do material e posterior descarte em local seguro. O coordenador teria ainda sugerido que todos fossem jantar para depois ser feito o descarte.

No entanto, diz a carta, o trabalhador teria se precipitado e descartado o material em um pátio de escória do alto forno que era um local, segundo os envolvidos, menos indicado para este descarte. O material, em contato com a água, teria explodido e vitimado o trabalhador.

O funcionário contestou esta versão, como conhecedor das áreas da ArcelorMittal Tubarão, e disse que se indigna com a possibilidade de impunidade dos reais culpados. Ele sustentou seu argumento contestando os pontos da versão oficial da empresa, contando que um coordenador de operação não deve, em hipótese alguma, solicitar o recolhimento de tal material explosivo em um caminhão caçamba, que é aberto, principalmente com a possibilidade de chuva, tampouco sugerir que todos jantem antes de dar destino final ao material.

O empregado diz ainda que na área em que aconteceu o acidente só havia uma pá mecânica disponível e que esse equipamento não faz abertura no solo. A abertura, lembra, é necessária para que o material seja descartado. Para este serviço é necessário o auxílio de uma retroescavadeira, que cavaria o buraco no solo para que o carbureto fosse enterrado.
O trabalhador concluiu dizendo que o empregado morto no acidente era novo na função e não conhecia os riscos do material que transportava. No entanto, mesmo assim o caminhão foi carregado sem que se respeitassem as normas de segurança da usina.

Para o funcionário, o coordenador da ArcelorMittal sabia dos riscos do carregamento e houve a solicitação por ele de dar fim imediato do material em um local não fiscalizado da usina, pois assim o problema seria solucionado e não haveria a necessidade de explicar o derramamento.

Fonte: Século Diário