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Trabalhadores fazem protestos contra reforma trabalhista

Publicado: 11 Julho, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Adonis Guerra (SMABC)
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Mobilização reuniu trabalhadores na Mercedes, Ford, Volks e Scania

Milhares de metalúrgicos de diversas fábricas e montadoras do ABC paulista ocuparam, desde o início da manhã desta terça (11) a Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo, contra a proposta de reforma trabalhista do governo Temer, que deve ser concluída, em votação no plenário do Senado marcada para hoje. A mobilização reuniu trabalhadores na Mercedes-Benz, Ford, Volkswagen e Scania.

A mobilização é um recado aos senadores de que os metalúrgicos não vão aceitar as modificações na legislação trabalhista que atendem apenas aos interesse do empresariado. Mesmo se aprovada, os metalúrgicos do ABC prometem resistir às mudanças.

"O problema já começa pelo nome, a mentira que há em torno desse tema. Reforma dá impressão que é uma coisa boa. Quando a gente faz uma reforma na nossa casa é para ficar melhor, mais aconchegante, mais bonita. O que eles querem fazer não é nada disso. Na verdade, é uma destruição da legislação trabalhista", afirmou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.

Segundo ele, essa proposta de reforma trabalhista atende aos interesses das grandes empresas multinacionais, que querem ter total liberdade para dispor da mão de obra como bem entenderem. "Eles têm um plano. Estão concentrando em seus países-sede todo tipo de emprego que tem engenharia, tecnologia, salários elevados. Para o resto do mundo, vão ficar como unidades de montagem, desde que não tenham sindicatos, legislação trabalhista, para que eles tenham liberdade para fazer o que bem entender", detalhou Nobre aos trabalhadores.

Somada a terceirização, já aprovada pelo governo, essas medidas vão ter impactos até mesmo na educação, quando o governo poderá licitar a contratação de empresas que contratarão os professores. Para o secretário-geral da CUT, é retrocesso de mais de um século, quando os trabalhadores, sem qualquer vínculo ou contrato se concentravam na porta da fábrica, e o capataz escolhia a dedo quem ia trabalhar naquele dia.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, mesmo se aprovada a reforma, os trabalhadores devem resistir. "Essa manifestação também é para avisar a Volkswagen (e às demais montadoras): Não ousem mexer com o direito dos trabalhadores. Esse recado precisa ser dado."

Contudo, segundo ele, a destruição de direitos pode começar em áreas do interior, onde a representação dos sindicatos é mais frágil. A partir daí, as empresas utilizarão o argumento de que é impossível manter as fábricas nas grandes cidades, que contam com sindicatos representativos, frente aos baixos custos das regiões com piores condições de trabalho.

O presidente do sindicato criticou duramente a prevalência da negociação direta entre trabalhadores e empregadores. "A fábrica chama na salinha do chefe. Vamos fazer a negociação, eu e você. Vamos negociar seu PLR (participação nos lucros ou resultados), seu reajuste, vamos negociar sua garantia por doença. É essa condição que está colocada. Mesmo que aprovem, temos que resistir internamente." Ele lembrou, ainda, que a proposta de reforma permite, inclusive, fracionar as férias em três vezes, com períodos menores que 10 dias.

Sérgio Nobre falou da importância de pressionar os Senadores contra a aprovação do fim da CLT nas ruas, mas também nas redes.

“Quero pedir a vocês o seguinte, nós fizemos essa manifestação aqui e ela muito importante, mas mais importante ainda é vocês, durante o dia, entrarem lá no site "napressão" onde tem o endereço de todos os senadores (são três aqui em são Paulo) e mandar um recado: “ Estou de olho no seu voto senador e senadora”. Isso é de fundamental importância. Tão importante quanto a mobilização aqui".

O secretário-geral também destacou ação da CUT caso a Reforma passe nesta terça-feira no Senado.

"Vamos colocar painéis enormes em todos os grandes pontos de concentração nos estados, em cada capital expondo os votos dos senadores e senadoras que votarem a reforma trabalhista, para mostrar quem votou a favor da classe trabalhadora e quem votou contra", finalizou.

Fora Temer
Já na noite desta segunda-feira (10), manifestantes também protestaram contra a reforma trabalhista, e pediram a saída de Michel Temer e convocação de eleições diretas. Um boneco com a foto do presidente foi queimado em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na avenida Paulista, em São Paulo.

Organizada pela Frente Povo Sem Medo, que reúne entidades como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e a Central Única dos Trabalhadores, a mobilização pretende seguir até a sede do PMDB em SP, mas os manifestantes decidiram encerrar o ato.

Crédito: Mídia Ninja
manifestantes queimam boneco de Temer em frente a Fiespmanifestantes queimam boneco de Temer em frente a Fiesp
Manifestantes queimam boneco de Temer em frente a Fiesp

“Estamos aqui para mostrar o descontentamento da classe trabalhadora com as reformas que esse governo ilegítimo, corrupto, que está prestes a cair, quer fazer aprovar. Uma reforma que ataca quase 100 anos de direitos da classe trabalhadora, [conquistados] com muita luta”, afirmou Felipe Vono, coordenador estadual do MTST.

(Fonte: Rede Brasil Atual, com informações do Mídia Ninja e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC)

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