MENU

Vale lucra R$ 30 bi e vive seus melhores dias, diz Agnelli

Publicado: 01 Março, 2011 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A Vale, maior empresa de mineração do Brasil, registrou no ano passado o maior lucro líquido da história da indústria de mineração: R$ 30,1 bilhões, resultado que superou as expectativas mais otimistas do mercado. "Estamos vivendo nossos melhores dias", comemorou o presidente da companhia, Roger Agnelli.

O recorde anterior havia sido batido em 2008, com lucro líquido de R$ 21,279 bilhões.

Com o processo de recuperação dos mercados mundiais, depois do auge da crise no fim de 2008 e início de 2009, as vendas da Vale foram embaladas durante todo o ano passado pelo aumento do preço, especialmente, do minério de ferro e pela reativação da indústria.

O resultado foi uma receita operacional de R$ 85,3 bilhões, sendo que mais de 30% desse total (R$ 27 bilhões) no quarto trimestre. O faturamento do ano foi 71,3% superior ao registrado em 2009.

Bastante criticada pelas medidas tomadas logo no início da crise, no fim de 2008, como corte de pessoal e redução de investimentos, a empresa atribuiu a dois fatores o resultado de 2010. Um deles foi a recuperação mundial; o outro, justamente as iniciativas tomadas em resposta à recessão.

No quarto trimestre de 2010, os custos dos produtos vendidos (CPV) subiram mais de 50% ante igual período do ano anterior e 18% em relação ao terceiro trimestre. Em seu balanço de resultados, a companhia disse que as pressões de demanda por mão de obra, equipamentos, peças sobressalentes, serviços de engenharia e outros insumos são a contrapartida ao forte crescimento da demanda e a elevação consequente dos preços de minérios e metais, já que as mineradoras passam a operar a plena capacidade e a investir na construção de capacidade adicional.

Segundo o diretor executivo de marketing, vendas e estratégia da Vale, José Carlos Martins, o grupo estima que seus custos na produção de minério, na verdade, devam cair no futuro, especialmente graças aos novos projetos que devem entrar em operação, com novas tecnologias.

Segundo Martins, enquanto os custos da empresa devem recuar, os dos concorrentes, especialmente os situados na China, devem subir. Entre os motivos, ele apontou a tendência de valorização da moeda chinesa e a inflação em alta naquele país.

China

A China foi responsável por 32,3% das vendas da Vale no ano passado. A participação foi inferior à de 2009, quando o peso do país sobre as vendas foi de 36,9%. Mas a porcentagem atual deve aumentar, segundo José Carlos Martins, diretor executivo de marketing, vendas e estratégia da Vale. "A Vale sempre teve muito peso no Ocidente, mas o fato é que o Oriente está crescendo mais. Não só a China, como outros países asiáticos cada vez terão uma participação maior na demanda pelos nossos produtos", disse Martins.

A participação da China caiu devido à recuperação da Europa, segundo Martins. "2009 foi fora da curva. O volume de vendas da China aumentou, porque o resto do mundo estava parado", disse. Dos mercados atendidos pela Vale, a Europa registrou o maior aumento de participação sobre a receita em 2010, passando de 16,2% para 19%. Em 2009, a participação do continente havia caído, segundo Martins, e ainda não se recuperou totalmente.

Em alguns momentos da crise, em 2009, as vendas da Vale para a Europa caíram 80%, e o minério que iria para o continente acabou sendo destinado para a China. "Se, na crise de 2009, não tivéssemos a China, a situação poderia ter sido muito pior, não só para nossa empresa, mas para o país", disse Martins.

Hoje a Europa opera a quase 20% do ritmo que operava no período pré-crise, segundo o diretor. "É bom comprar da China, é bom vender para China, mas é muito difícil competir com a China", afirmou Martins.

Alta

Segundo Martins, o reajuste dos contratos de minério de ferro para o segundo trimestre ficará aproximadamente 20% acima dos preços acordados. A quantia é medida tendo como base os valores do mercado à vista da China entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2011. Martins também chamou atenção para o consumo do aço no Brasil ao dizer que a quantia consumida ao ano por habitante é muito inferior ao dos países desenvolvidos. "Não há dúvida de que o País esteja trilhando um caminho econômico virtuoso, mas não iremos adiante sem a utilização do aço", ponderou.

A Vale também sinalizou o interesse em participar do consórcio Norte Energia, que irá construir e operar a usina de Belo Monte, no rio Xingu.

Fonte: DCI