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Votorantim faz cisão da VM e cria holding de siderurgia

Publicado: 04 Julho, 2008 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A produção de aço ganhou vida própria e acaba de se tornar a sétima unidade industrial de negócios do grupo Votorantim, ao lado de metais não ferrosos (zinco, níquel e alumínio), cimento, celulose e papel, energia, química e suco de laranja. Com três usinas em operação e uma em construção de aços longos e uma expressiva participação no capital da Usiminas (aços planos), a Votorantim Siderurgia entrou em vigor em 1º de julho. 

Para comandar a VS, o grupo recorreu à prata da casa. Foi indicado ao cargo de diretor-superintendente o executivo Albano Chagas Vieira, com larga experiência no setor e que atuava na diretoria-geral do grupo, cuidando justamente de operações industriais. Vieira chegou ao grupo em abril de 2006 para comandar a diretoria corporativa de operações industriais da Votorantim Industrial. 

O negócio aço respondeu por 29,2% da receita de R$ 7,27 bilhões da Votorantim Metais no ano passado, incluindo a participação equivalente na Usiminas e na usina colombiana Paz del Río. Ou seja, 20,6% da receita líquida de R$ 10,28 bilhões da unidade de metais do grupo Votorantim. 

A área de siderurgia ganhou bastante peso dentro da VM desde o início de 2007. Em março daquele ano, o grupo comprou a Acerias Paz del Río, na Colômbia, com desembolso de US$ 491 milhões. Em seguida, confirmou seu plano de construção de nova unidade no Rio, a Siderúrgica Resende, com valor atualizado de R$ 1,2 bilhão. Em dezembro, entrou no capital da argentina AcerBrag, vindo a assumir o controle em junho. 

Até 2006, a participação do grupo nessa área se limitava à Siderúrgica Barra Mansa, fundada há 71 anos. No ano anterior, havia produzido 470 mil toneladas. Além disso, o grupo detinha uma participação sem muita relevância no capital da Usiminas, adquirida em 1998. Há menos de dois anos, essa participação subiu para 11,6% do capital votante da empresa mineira. Com isso, tornou-se um dos três principais acionistas, ao lado de Camargo Corrêa e Nippon Steel. 

A estratégia na siderurgia se tornou agressiva com a meta de ser um produtor regional de peso no setor, como observou João Bosco Silva, diretor-superintendente da VM, após a aquisição da Paz del Río há pouco mais de um ano. "Agora, começamos a aparecer no mapa da siderurgia", comentou ele recentemente, quando da compra do controle da AcerBrag. 

Com as seguidas aquisições, o grupo Votorantim passou a deter neste ano capacidade de produção de 1,45 milhão de toneladas de aço anuais. Com a unidade de Resende (1,05 milhão de toneladas) e expansões já desenhadas para Paz del Rio e AcerBrag, a previsão é de chegar a 3 milhões de toneladas até 2012. O negócio aço ganhou papel importante, crescendo no mesmo ritmo de outras áreas. O volume de produção nas três unidades previsto para 2008 deverá alcançar 750 mil toneladas na Barra Mansa, 450 mil na Paz del Río e 250 mil na Acerbrag. 

No próximo ano, a unidade de Resende entra em operação, fazendo tarugos, fio-máquina e vergalhões. O BNDES vai financiar R$ 540 milhões do projeto. 

Segundo Carlos Ermírio de Moraes, presidente do conselho da Votorantim Participações, em comunicado ao Valor, a criação da VS é fruto do "reposicionamento estratégico do grupo nesse negócio, do crescimento do mercado siderúrgico e de sua importância no cenário nacional e internacional". Para Raul Calfat, diretor-geral do grupo, o principal desafio da VS será o de "buscar ganho de market share no continente americano, através de crescimento orgânico e de aquisições. 

Antes de chegar ao grupo, Vieira teve passagens por Gerdau, CST, uma siderúrgica australiana, Acesita, CSN e Arcelor (Brasil e Europa). Ele é conselheiro na Usiminas.

Fonte: Valor