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Enquanto o PL 4330 não for a nocaute, CUT baterá no projeto, indica Vagner

Publicado: 16 Abril, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Paulo Pepe
Boneco de Eduardo Cunha é queimadoBoneco de Eduardo Cunha é queimado
Boneco de Eduardo Cunha é queimado

A avenida Paulista mais uma vez foi palco da mobilização dos trabalhadores de São Paulo nesta quarta-feira (15), Dia Nacional de Paralisação contra o PL 4330, projeto que amplia a terceirização para todas as áreas da empresa e retira direitos trabalhistas.

O ato, que reuniu milhares de pessoas, começou em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), por volta das 15h30. Bonecos representando o presidente da Câmara federal, Eduardo Cunha, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SDD-SP), e o empresário Paulo Skaf sofreram a ‘malhação de Judas’ e foram queimados em seguida. Um dos protagonistas da mística foi o bancário Nelson Canesin, ferido pela polícia na última semana em Brasília.

Nada mais lúdico do que usar do simbolismo para dar o recado direto ao Congresso e aos patrões de que os trabalhadores não aceitarão o retrocesso. Foi assim que os militantes saíram em caminhada para formar um bloco ainda maior com os movimentos sociais, como o de moradia. Enquanto isso, um terceiro bloco partiu do Largo da Batata rumo à unidade na luta pela democracia.

O ponto de encontro foi a Caixa Econômica Federal, que teve sua frente ocupada no instante da chegada dos sindicalistas. A bandeira mesclava o fim do PL da “precarização da mão de obra”, como chamavam alguns, com o direito à moradia digna.

Foi neste momento, embaixo de uma chuva fortíssima, que o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas destacou que as paralisações e atos ocorreram nas 27 capitais brasileiras. “Os parlamentares estão reunidos pensando o que vão fazer com relação ao 4330. Eles achavam que iriam passar o trator em cima da classe operária e que iríamos ficar apenas ouvindo. Mas estamos e continuaremos nas ruas fazendo o enfrentamento”, alertou.

Informações chegavam até os militantes de que, muito provavelmente, a sessão seria adiada na Câmara. E foi o que aconteceu. “Até o PSDB está revendo a sua opinião com relação ao projeto. Não porque eles querem defender o trabalhador, mas porque eles sabem que nós podemos derrotá-los nas ruas”, afirmou Vagner.

O presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício, alertou que o ataque do empresariado acontece no Brasil, mas também faz parte de uma prática dos empresários latino-americanos. “Cada país tem uma legislação que garante direitos. Mas aqui querem reformar a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], o que é péssimo porque sabemos o papel de liderança que o país tem aqui no continente. Mas acredito na nossa capacidade para impedir que isso avance”.

O coordenador estadual da CMP (Central de Movimentos Populares), Raimundo Bonfim, explicou que a luta contra o PL 4330 está na pauta da Jornada Nacional de Luta por Moradia Digna, o chamado Abril Vermelho, realizado neste período pelos movimentos sem-teto que cobram direitos sociais.

“Hoje vários estados estão se dirigindo até a capital federal. Amanhã terá um ato da reforma urbana em Brasília e, com essa pressão dos movimentos populares urbanos, vamos cobrar uma reunião com a presidenta Dilma. Queremos dizer que não aceitaremos o PL 4330, nem a privatização da Caixa e nem o corte de verbas para programas de regularização fundiária e de saneamento básico".

Crédito: Paulo Pepe
Manifestantes se reúnem em frente à FiespManifestantes se reúnem em frente à Fiesp
Manifestantes se reúnem em frente à Fiesp

Enfrentamento permanente
Os petroleiros, uma das categorias em que a terceirização se faz presente com sua forma mais perversa, a de acidentes fatais, também estiveram no ato e alertaram que o crescimento desse modelo de contratação é sinônimo de péssimas condições de trabalho, conforme apontou a coordenadora do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo, Cibele Vieira.

“A Petrobras tem hoje 300 mil trabalhadores terceirizados e esse número, caso o PL 4330 não caia, só vai aumentar e piorar muito a vida desses trabalhadores e trabalhadoras”, explicou.

A secretária de Imprensa da CUT São Paulo, Adriana Oliveira Magalhães, avaliou que, com as manobras do Congresso Nacional em relação ao 4330, os trabalhadores que elegeram a composição atual perceberam que muitos são os parlamentares que não os representam.

Também bancária, a dirigente apontou quais prejuízos a lei representa para a categoria. “Significa que os bancos podem terceirizar caixa, central de atendimento e tecnologia da informação. O acordo coletivo de 20 anos, que representa todos os bancários do país e garante uma elevação salarial e negociações, a cada ano será rasgado”, disse.

Representante da Consulta Popular, Paola Strada avaliou que é urgente uma mudança do sistema político. “Com esse Congresso não dá, ele não fará a reforma política. Esse Congresso coloca o PL 4330 e daqui a alguns semanas vai votar o financiamento privado de campanhas eleitoral e vai querer impor, através dessa figura do Eduardo Cunha, mais uma derrota do povo brasileiro. Precisamos estar juntos, mobilizados”, destacou.

No final da tarde, outra parte dos movimentos sociais e sindical chegou à avenida Paulista com rojões. A Polícia Militar intensificou sua frota neste momento. Às 20h30 todas as organizações se encontraram para o encerramento final do intenso dia de mobilizações

Confira imagens de algumas manifestações pelo país:

Crédito: Adonis Guerra
ABC (SP): passeata na via AnchietaABC (SP): passeata na via Anchieta
ABC (SP): passeata na via Anchieta

 

Crédito: Fabiano Ibidi
ABC (SP): PL 4330 acaba com carteira de trabalhoABC (SP): PL 4330 acaba com carteira de trabalho
ABC (SP): para metalúrgicos, com PL 4330, deputados acabam com carteira de trabalho

 

 

Crédito: Divulgação
Na Bahia, trabalhadores protestam em rodoviaNa Bahia, trabalhadores protestam em rodovia
Na Bahia, trabalhadores protestam em rodovia

 

Crédito: Rogério Hilário
Belo Horizonte (MG): cartaz aponta perigos do PL 4330Belo Horizonte (MG): cartaz aponta perigos do PL 4330
Belo Horizonte (MG): cartaz aponta perigos do PL 4330


(Fonte: Vanessa Ramos e Walber Pinto - CUT Nacional)
 

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