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Economia verde é tema de debate em intercâmbio de metalúrgicos do Brasil e Alemanha

No último dia da 4ª Conferência Expressões da Globalização, em Frankfurt, trabalhadores discutiram papel da indústria na preservação do meio ambiente e na geração de novos empregos.

Publicado: 24 Junho, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

 

Crédito: CNM/CUT
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Último painel da Conferência abordou papel da indústria no desenvolvimento sustentável 

Frankfurt - Terminou nesta sexta-feira (24) a 4ª Conferência Expressões da Globalização, em Frankfurt, Alemanha. O tema central do dia foram os novos conceitos de mobilidade urbana e o papel do movimento sindical no engajamento de uma economia ecologicamente sustentável. A Conferência teve início na quarta-feira, reunindo cerca de 80 metalúrgicos brasileiros e alemães, e foi precedida de palestras e visita a fábrica para que os trabalhadores do Brasil conhecessem a organização sindical naquele país.

Com mediação de Flávio Benites, representante do IG Metall, o último painel do evento contou com a participação dos alemães Wolfgang Schade, professor de mobilidade e inovação, e Angelika Thomas, também do IG Metall. 

Reconhecendo que o transporte é o maior pela emissão de CO2 do que qualquer área industrial, Schade destacou a iniciativa da COP 21 (Convenção do Clima da ONU), em Paris, para reduzir as emissões e construir sistemas mais sustentáveis de transporte. “Cada cidade engajada nesta iniciativa está comprometida com o alcance de 50 a 75% de redução nas emissões relacionadas a transporte urbano até 2050. Para conseguirmos esta meta não poderemos vender carros que emitem poluentes até 2030”, contou. “Já temos bons exemplos de novos meios de transporte 'verdes' em Sevillha, na Espanha, com os bondes elétricos e até mesmo em países na América do Sul, como Chile e Argentina, que investiram em teleféricos”, assinalou.

Já em sua intervenção, Angelika destacou a participação e engajamento dos sindicatos e da organização dos trabalhadores na construção de países economicamente sustentáveis. “A economia verde traz muitas oportunidades. Os produtos que respeitam o meio ambiente garantem novos empregos e novos mercados para a indústria. Através dos conselhos de empresa, podemos questionar o uso da água e eletricidade e assim intervirmos nos custos de produção”, disse. “Temos que pensar no desenvolvimento econômico com uma perspectiva sustentável, afinal temos apenas um planeta”, completou.

Crédito: CNM/CUT
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Conferência reuniu trabalhadores da Alemanha e Brasil 

Ao final do encontro, Valter Sanches, secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) e membro do Conselho de Administração da Daimler, ressaltou novamente a solidariedade entre os trabalhadores dos dois países expressada na Conferência. “É uma atividade formativa que proporciona o encontro entre trabalhadores que, às vezes, são da mesma empresa. Aprendemos uns com os outros e estreitamos nossas relações. Além disso, o encontro nos deu oportunidade de sermos solidários para superarmos dificuldades comuns", afirmou.

“Já temos a solidariedade entres os trabalhadores, através do trabalho de redes sindicais e da relação bilateral entre as entidades sindicais dos metalúrgicos no Brasil e Alemanha. Esta atividade é mais uma atividade que fortalece as nossas relações”, completou Angelica Jimenez Romo, diretora de Relações Internacionais do IG Metall.  

Avaliações
Para Valdir de Oliveira, secretário de Formação do Sindicato dos Metalúrgicos de Jaraguá do Sul, as discussões foram importantes para o futuro da classe trabalhadora no Brasil. "A Alemanha possui uma indústria forte e aprendemos algumas estratégias dos trabalhadores aqui que podem ser levadas ao nosso país. Após a conquista de comitês sindicais por empresa no Brasil, o sistema de cogestão, por exemplo, seria uma nova maneira de organizar ainda mais os trabalhadores", contou o metalúrgico, que esteve pela primeira vez na Alemanha.

Helmut Heimrich, trabalhador na Schaeffler da Alemanha, avaliou que a Conferência é uma das principais atividades de formação da Fundação Hans Böckler. "O econtro nos possibilita um intercâmbio importante de informações entre os trabalhadores. Esta troca de experiências modifica o nosso trabalho dentro das fábricas porque sabemos as necessidades dos demais colegas brasileiros. O debate político e econômico nos dá a certeza que o Brasil precisa ter sempre um olhar especial de todos nós da Europa", afirmou. 

A Conferência
O programa de Conferências entra metalúrgicos brasileiros e alemães é uma realização da Fundação Hans Böckler - centro de formação dos metalúrgicos alemães - e da CNM/CUT, em parceria com o Instituto Integrar e o IG Metall (Sindicato Nacional dos Metalúrgicos na Alemanha). A 1ª Conferência ocorreu em 2009, no Brasil. Em 2012, foi a vez dos brasileiros irem à Alemanha. Já 3º Conferência aconteceu novamente no Brasil, em novembro de 2014.

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(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)